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28- O pastor e sua ovelha

Tudo aconteceu aqui, bem próximo de nós. Em Vila Nova de Colares no município de Serra, onde mora um pedreiro que também se diz pastor. Envolve, no mínimo, 3 pessoas: o dito pastor, uma mulher e seu marido. A mulher diz que sonhou que teria um filho com o pastor e essa era a vontade de Deus. O marido conversou com o pastor e chegaram à conclusão de que se era a vontade de Deus deveria ser feito. E foi feito, o pastor teve relações sexuais com a mulher.


O caso foi divulgado pela TV Gazeta e saiu até no Fantástico. Que coisa feia! Logo aqui no Espírito Santo! O pastor foi entrevistado gerando um fato hilário. Vou tentar resumir: O pastor disse que foi na Bíblia que viu que poderia ter várias mulheres, disse: – Eu gostaria que alguém provasse pra mim biblicamente, aonde foi proibido o homem ter mais de uma mulher. A mulher disse na reportagem: – Deus me levou a fazer isso. Não teve pra onde eu correr. O marido disse: –  Eu pensei comigo que se fosse da vontade de Deus seria feito, né? O pastor também é casado e explica que usou a Bíblia para justificar o ato. Segundo o pastor ele usou Oséias, capítulo 3, e disse: – Deus mandou tomar uma mulher e adulterar.... O repórter pergunta: – O senhor está falando adulterar ou é a palavra adúltera? e o pastor lê a Bíblia: – Vai outra vez, ama uma mulher amada de seu amigo e adultera. O repórter pede a Bíblia para dar uma olhada e lê Oséias, capítulo 3: – E o SENHOR me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, contudo adúltera... Não é adúltera, pastor? Tem um acento aqui! Fala o repórter. Deixa eu ver, diz o pastor. Silêncio... O repórter pergunta: –  Não houve uma interpretação equivocada? O pastor lendo a Bíblia... Silêncio... O repórter continua: – A Bíblia não estaria se referindo a uma mulher adúltera? E não para que o senhor adulterasse? –Ah! Tá!, fala o pastor, inclusive foi bom o senhor mexer nisso aqui, porque uma coisa chama a outra, porque nós precisamos da direção do espírito.


É dessa forma que muitos “pastores” conduzem as suas ovelhas. Interpretam partes da Bíblia como podem, dentro dos seus limites e passam aquilo para frente como se fossem verdades. Eu já tentei conversar com um dito “pastor” e foi impossível, quando ele ficava sem argumento, e foram muitas vezes, gritava: Aleluia!!!! Eu só não entendo as “ovelhas” que só podem ser mais burras que o pastor para acreditar no que ouvem. Outro grupo são aqueles que escutam as pregações e passam para frente como entenderam, já imaginaram as possibilidades de erros?


Quanto à “mulher ovelha” personagem principal do nosso assunto, acho que Deus aumentou os níveis de hormônios sexuais circulantes no seu corpo, criando todo o problema. O “pedreiro pastor” que não possuía atrativos sexuais viu a chance de “faturar” a “ovelha”. Como fica o marido? No mínimo podemos denominá-lo de “touro” pelo ornamento que ganhou na cabeça. É engraçado e triste ao mesmo tempo, porque existem os filhos envolvidos na história, provocada pela cegueira da religião ou por simples comportamento sexual disfarçado de fé.


Mas a safadeza misturada com religião não se limita aos nossos incultos “pastores”, a justiça belga entregou às autoridades locais os nomes e as moradas de uma centena de padres que cometeram delitos de pedofilia, os quais, na maioria os casos, já prescreveram, para prevenir possíveis situações de reincidência. A investigação judicial está ligada à "Operação Kelk" que trouxe à luz do dia cerca de 500 denúncias de abusos de menores cometidos por padres entre 1960 e meados dos anos 80 na Igreja Belga, e que levaram ao suicídio de 13 indivíduos vítimas de pedofilia. Altos cargos eclesiásticos estiveram envolvidos durante estes anos e neste processo que manchou a Bélgica.


No Brasil o quadro não é diferente. Um caso especial ocorreu em Arapiraca, Alagoas, inclusive com um vídeo da SBT mostrando o monsenhor fazendo sexo com menor. Este caso envolve muita gente, o monsenhor e dois padres são acusados de pedofilia com coroinhas. O coroinha, hoje com 20 anos, relatou que começou a participar das atividades da Igreja com 12 anos de idade e desde então foi assediado sexualmente pelo padre. Contou ainda que manteve um relacionamento com o religioso durante anos, e por isso desistiu do antigo sonho de se tornar padre.


Outro exemplo ocorreu na cidadezinha de Agudos, São Paulo, onde um padre ensinava música para um garoto de 9 anos e o pagamento eram favores sexuais, prestados durante um ano. Feitas as primeiras denúncias, em 2001, a Igreja somente o transferiu para Anápolis, Goiânia. Lá, a história se repetiria com mais duas crianças, uma de 13 anos, outra de 5.


Escândalos assim têm acontecido nos últimos anos, no mundo todo. Só nos EUA, único lugar com estatísticas concretas sobre padres que cometeram abusos sexuais, 4 392 sacerdotes católicos foram denunciados por esse tipo de crime entre 1950 e 2002. Isso dá 4% do total de pessoas que exerceram o sacerdócio no país nesse período. Um número alto, ainda mais tendo-se em mente que menos de 1% da população pode ser classificada como pedófila.


Por que existem tantos padres pedófilos? Existem tantas hipóteses para tentar justificar um ato comum na espécie humana, que fica difícil chegar à conclusão, entretanto, eu acho que estas são as mais importantes:
• Falta de punição. Os líderes locais da Igreja abafam os casos, deixando os abusadores livres da Justiça comum. Nisso eles ficam soltos para continuar praticando crimes.
• O padre é uma figura respeitada no seu círculo social. Um criminoso de batina, então, tem grandes chances de se aproveitar desse poder.
• O celibato. Sua função, historicamente, é fazer com que o religioso se desapegue do mundo material, eliminando o desejo.
• Tesão e sacanagem. Tesão porque o padre é um homem. Neste caso um homem desiquilibrado, que possui a carne mais forte que a sua religião; um sacana e criminoso por usar crianças.

 

Agora peço uma reflexão. Será que situações como descritas acima começaram agora? Estes dados são os descobertos, existe muito mais para vir à tona. Só estamos falando de abusos sexuais, não estamos somando corrupção, abuso de poder, roubo, perseguição, discriminação e o mais importante, destruição da racionalidade das pessoas, criando uma fé “cega” que empobrece a dignidade e mutila através da doutrinação das crianças.



Edson Perrone

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